O pedido foi: uma casa onde não se sabe onde é dentro e onde é fora.
Localizada no centro da Floresta Amazônica, na Linha do Equador, Manaus é
banhada pelos dois rios mais importantes da região, o Rio Negro e o Rio Solimões.
Seu tecido urbano se emaranha com uma trama de igarapés, desenhando uma
cidade conectada às águas fluviais e acostumada às suas cheias e vazantes.
Na última década, uma grande quantidade de condomínios residencias surgiram
às margens do Igarapé Tarumã Açu, importante afluente do Rio Negro.
SOBRE
- Estado Amazonas
- Cidade Manaus
- Terreno 800m2
- Área construída 312m2
PARÂMETROS AMBIENTAIS
As condições ambientais em Manaus são exigentes: calor extremo, altíssima umidade e índice pluviométrico elevado. Por outro lado, o lote onde o projeto se insere é atravessado pelo vento dominante leste em toda a sua extensão longitudinal. Tais parâmetros demandam soluções arquitetônicas e especificações de materiais que propiciem maior conforto ambiental.
Felizmente essas soluções são muito bem referenciadas nas construções indígenas e caboclas, que tem como principal estratégia a criação de sombras amplas, pés-direitos altos, ventilação cruzada, materiais de baixa inércia térmica, aberturas protegidas, área permeável, vegetação nativa e outras técnicas de controle ambiental.
A proposta que segue não poderia deixar de seguir as mesmas premissas de projeto usada pelos povos nativos: controlar o clima em Manaus não se trata de um luxo, mas sim de uma necessidade primordial.
PARTIDO ARQUITETÔNICO
A estratégia para resolver essa demanda foi adotar uma planta em “C”, conferindo oito fachadas com possibilidade de integração com o exterior, o que exigiu medidas para mitigar a exposição direta à luz solar.
Para ter uma proporção que não se sobrepusesse à vegetação do entorno em altura, a distribuição do programa permaneceu térrea, com a ala intima conectada à ala social pelos usos operacionais
e separadas por um jardim, configurando um pátio central.
Em decorrência das altas temperaturas locais, as áreas intimas e sociais possuem uma cobertura vazada que propiciam ventilação cruzada permanente, para arrasto do ar quente.
PRINCÍPIOS CONSTRUTIVOS
A estrutura de concreto arremata a altura de todas as vedações, de alvenaria e pedra. Também suporta um barroteamento de madeira e apoia as placas fotovoltaicas, que sombreiam o trecho de laje impermeabilizada.
A estrutura de madeira de manejo resolve a ventilação permanente e apoia a cobertura de manta de Evalon, sobre isolante térmico. A escolha pela madeira teve proposito de conferir baixa inercia térmica à cobertura, a fim de evitar que altas temperatura entrem nos ambientes fechados, dada a baixa amplitude térmica.
As vedações são feitas em blocos cerâmico ou cantaria para contribuir no conforto térmico. Os revestimentos de maior inércia térmica estão sombreados pela cobertura de madeira, minimizando o acúmulo de calor.
Em função do do alto indice de radiação solar, um sistema de fotogeração provê a energia de consumo diário e garante autosuficiencia da casa na grande maioria dos dias do ano. Os efluentes são tratados em biodigestor pré-fabricado, enterrado na parte frontal do lote. As águas de reuso são direcionadas para lavagem de pisos e irrigação.